quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Agarrou-se nas bitacas de seu véi e pôs-se a chorar.

Ele, cab'a macho do sertão,
segurou-a pela mão e não derribou uma lágrima:

-Minha véia, eu vou voltar. E se eu não voltar, iremos juntos.
Sempre estaremos juntos! Fizemos vida aqui nesse fim de mundo, criamos nossos fi, nossos boi, nosso plantio e daqui só hei de sair p'ra modi mais tarde voltar, p'ra onde meu bem querer há de morar!

Foi-se o véi p'ra cidade grande se tratar.

Ficou seu amor, num só lugar.

A notícia foi um choque só!
A correria era danada!


Eis que às nove da manhã morreu a veinha amada, no sertão onde fez vida, no dia de seu aniversário.

E o destino tinha sua carta na manga.

Ao meio dia morreu seu amado, o véim arretado.
Na cidade grande de seu mal 'grado, partiu daqui p'ra melhor, no dia de seu aniversário.

Seria dia de festa,
de matar um boi da muléstia,
mas foi uma tristeza só que atracou-se no sertão...

Foram-se os dois.

Como haviam prometido.

Foram de mãos dadas para além do bem vivido...


(Suzan Keila)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi

Taí
Nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
Disfarçar minha dor eu não consigo
Dizer: somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim

Enfim
Hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto
Pra quem só lhe foi dedicação

Pois é, e então ...

(Chico Buarque)




terça-feira, 16 de outubro de 2007

Lá estava ela,
perdida no meio do nada.

Não sabia seu nome,
nem onde estava.

Sozinha no meio do mundo,
pobre menina abandonada.

Cabelos ao vento e
uma roupa estampada.

Tinha olhos tristes e
um sorriso sem graça.

O que teria acontecido,
com a pobre coitada?

Perguntaram-lhe o nome,
endereço, número de casa,
mas ali estava ela...desnorteada!

Fez que ia proferir algumas palavras e
olhos atentos ansiavam por alguma fala.

A pobre menina abandonada,
estava perdida em seu mundo.

Decepcionada,
tinha os sonhos mudos.

Atarantada,
falava com seus botões rechonchudos.

Perdida em seus sentimentos,
fez magia com seus pensamentos e
fugiu da realidade de seus tormentos...

Findou-se na fantasia.

Onde o que queria ser,
ela seria.
Onde o que queria ter,
ela teria.

Onde a felicidade a acompanharia e
como num passe, tudo se transformaria...

Um passe de magia!

Atirou-se mundo,
uma menina encantada.

A encantadora Maria,
da Rua ladrilhada.


(Suzan Keila)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Poesia é um faz-de-conta sem fim.
Fantasio que escrevo o que sinto.
Sinto o que fantasio que escrevo.
O que pensarão de mim?
Saindo enfim, esses versos assim.

Fazendo de conta
vou escrevendo.
Hora sentindo, hora exagerando...
E sempre pensando
se estou a poesiar e
poesiando vou conjugando,
um verbo que nem existe para conjugar...

Fica por minha conta.

Poesiarei mais um pouco,
até talvez eu me cansar.


(Suzan Keila)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sinto-me saudosa...

Na verdade,
nem sei se é saudade...

É um sentimento que invade
a minha realidade e
aguça a minha ansiedade...

É algo que:
Dói e alegra;
Desatina e faz rir;
Acalma e desassossega;
É fantasia e pesadelo sem fim;
Aperta-me o peito;
Arrasa-me os sentidos...

Saudade é tudo isso,
ou fui eu quem a fez assim?

(Suzan Keila)

domingo, 7 de outubro de 2007



Hoje o Sol tímido,
cobriu-se com um véu.
Não brilhou com a mesma intensidade,
nem no mesmo céu.
Não transpareceu a mesma vaidade e
compareceu assim, ao léu.


Brilhou para alguns...
Em outro país, outra cidade.
Não para mim.
Não senti o seu calor, nem seu esplendor.
Que penosa novidade:

O Sol, irradiou-se em outro lugar...
junto com a minha felicidade.



(Suzan Keila)

A minha poesia não transborda alegria.
Fala da dor de perder um amor
e evidencia melancolia.


Desilusão,
cansaço,
fadiga
e descrença...
Uma rixa antiga. (você e eu)


Sinto um pesar
que atormenta-me os dedos e nervos.

Quero escrever, falar, declamar...
A dor de ainda te amar e
não saber como cessar,
esse tormento sem fim
que firma-se em mim.

Um fardo pesado demais,
que tenho que carregar.
Talvez por toda a Terra,
talvez por todo o mar...

O triste penar de ainda te amar.



(Suzan Keila)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Letras tristes.
Palavras cabisbaixas.
Frases desanimadas.


Assim formam-se esses versos.
Desajeitados, sem rima.


Versos bêbados,
cambaleando e tropeçando
sem rumo.


Não falarei de dor,
mas o coração sangra
e se diz sofredor.


Serei então,
mais uma romântica exagerada
a fazer rimas sinuosas
nessa minha caminhada...



(Suzan Keila)