quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Dois corpos,
duas almas.


Tão unidos,
que integram-se.


Um só corpo,
uma só alma.


Um,
encontra sua calmaria...
Seu repouso.

O outro,
encontra sua agonia...
Sua paixão.


Permanecem assim,
como um só.

E paira entre eles:

Igualdades e diferenças;
crenças e descrenças;
sossego e desavenças...


Já não são um só.

Um,
não encontra mais seu repouso.

O outro,
já não vê acesa sua paixão.

Tomam seus rumos...ainda sem rumo.

Cambaleiam pela vida...

Dois corpos,
duas almas.



(Suzan Keila)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Vi morrer alegrias,
vi dias sem Sol raiando.


Sim, ainda estou sambando!

Com um sorriso no rosto e
vivendo em um mundo de cetim,
não debocho da dor!


Tenho medo da dor,
porque sei o quanto doeu outr'ora.


Vejo um novo Sol raiando e
tenho muitos motivos para permanecer sambando...


Mas o sorriso do rosto
não condiz com o sorriso da alma...


Não debocho da dor,
porque ainda dói...


Não paro de sambar,
porque não sei o que fazer...


E esse sorriso radiante?
É p'ra esconder as lágrimas flutuantes,

que percorrem minh'alma...

Falsa alegria,
tamanha hipocrisia.


Junto com você foi-se o brilho
de cada amanhecer...


E desatinada estou a vagar,
até quase enlouquecer!


(Suzan Keila)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Calor,
euforia,
desejo...


Dois corpos decifrando-se...

Beijos,
carícias e
promessas.


Perdem-se um no outro.
Seus rumos e pudores.


São íntimos e estranhos.

Despudorados e recatados.

Amantes sem elo,
porém apaixonados.




(Suzan Keila)

sábado, 3 de novembro de 2007


Estavam muito quietas.
Alguma elas aprontariam.


A mais rechonchuda é a mais carinhosa.
A outra é mais "pouquinha" e é orgulhosa.


São primas, amigas e parceiras de traquinagem.

Bateu a porta no pé da prima e arredou o pé dali!

Abriu o berreiro a "pouquinha".
A rechonchuda quis pedir desculpas e dar um abraço, a outra não quis.

Ficaram por ali, pelos cantos da casa.
Estavam brigadas.


De repente, esquecem o ocorrido e começam a traquinar pela casa.
Entre pulos, gritos e risos as duas primas fazem as pazes, sem nem saber que a fizeram.


(Suzan Keila)
Olhos fechados...

Pode ser perigoso.

Por que perigoso rima com gostoso?

Não queria usar essa rima,
porque um amigo falou p'ra não abusar das rimas.


Inevitável e lamentável
é andar de olhos fechados sabendo que é perigoso,
só porque é gostoso!


(Suzan Keila)
Chorava baixinho,
porque não podia chorar.


Chorar é feio e
homem não chora.


Pôs-se então a soluçar.

Soltou o choro contido,
feito uma criança.


Só ele sabia o tamanho da dor que doía...

Doía nele e o acompanharia
por toda hora e lugar.


Como uma fisgada no peito,
estraçalhando-lhe o miocárdio.


Era uma dor danada de braba,
rasgava-lhe o músculo e a alma!


O sofrimento que tirava-lhe o ar,
era amar e não saber valorizar.


O penar de se perder um grande amor e
não saber o caminho p'ra voltar...


(Suzan Keila)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Agarrou-se nas bitacas de seu véi e pôs-se a chorar.

Ele, cab'a macho do sertão,
segurou-a pela mão e não derribou uma lágrima:

-Minha véia, eu vou voltar. E se eu não voltar, iremos juntos.
Sempre estaremos juntos! Fizemos vida aqui nesse fim de mundo, criamos nossos fi, nossos boi, nosso plantio e daqui só hei de sair p'ra modi mais tarde voltar, p'ra onde meu bem querer há de morar!

Foi-se o véi p'ra cidade grande se tratar.

Ficou seu amor, num só lugar.

A notícia foi um choque só!
A correria era danada!


Eis que às nove da manhã morreu a veinha amada, no sertão onde fez vida, no dia de seu aniversário.

E o destino tinha sua carta na manga.

Ao meio dia morreu seu amado, o véim arretado.
Na cidade grande de seu mal 'grado, partiu daqui p'ra melhor, no dia de seu aniversário.

Seria dia de festa,
de matar um boi da muléstia,
mas foi uma tristeza só que atracou-se no sertão...

Foram-se os dois.

Como haviam prometido.

Foram de mãos dadas para além do bem vivido...


(Suzan Keila)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi

Taí
Nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
Disfarçar minha dor eu não consigo
Dizer: somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim

Enfim
Hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto
Pra quem só lhe foi dedicação

Pois é, e então ...

(Chico Buarque)




terça-feira, 16 de outubro de 2007

Lá estava ela,
perdida no meio do nada.

Não sabia seu nome,
nem onde estava.

Sozinha no meio do mundo,
pobre menina abandonada.

Cabelos ao vento e
uma roupa estampada.

Tinha olhos tristes e
um sorriso sem graça.

O que teria acontecido,
com a pobre coitada?

Perguntaram-lhe o nome,
endereço, número de casa,
mas ali estava ela...desnorteada!

Fez que ia proferir algumas palavras e
olhos atentos ansiavam por alguma fala.

A pobre menina abandonada,
estava perdida em seu mundo.

Decepcionada,
tinha os sonhos mudos.

Atarantada,
falava com seus botões rechonchudos.

Perdida em seus sentimentos,
fez magia com seus pensamentos e
fugiu da realidade de seus tormentos...

Findou-se na fantasia.

Onde o que queria ser,
ela seria.
Onde o que queria ter,
ela teria.

Onde a felicidade a acompanharia e
como num passe, tudo se transformaria...

Um passe de magia!

Atirou-se mundo,
uma menina encantada.

A encantadora Maria,
da Rua ladrilhada.


(Suzan Keila)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Poesia é um faz-de-conta sem fim.
Fantasio que escrevo o que sinto.
Sinto o que fantasio que escrevo.
O que pensarão de mim?
Saindo enfim, esses versos assim.

Fazendo de conta
vou escrevendo.
Hora sentindo, hora exagerando...
E sempre pensando
se estou a poesiar e
poesiando vou conjugando,
um verbo que nem existe para conjugar...

Fica por minha conta.

Poesiarei mais um pouco,
até talvez eu me cansar.


(Suzan Keila)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sinto-me saudosa...

Na verdade,
nem sei se é saudade...

É um sentimento que invade
a minha realidade e
aguça a minha ansiedade...

É algo que:
Dói e alegra;
Desatina e faz rir;
Acalma e desassossega;
É fantasia e pesadelo sem fim;
Aperta-me o peito;
Arrasa-me os sentidos...

Saudade é tudo isso,
ou fui eu quem a fez assim?

(Suzan Keila)

domingo, 7 de outubro de 2007



Hoje o Sol tímido,
cobriu-se com um véu.
Não brilhou com a mesma intensidade,
nem no mesmo céu.
Não transpareceu a mesma vaidade e
compareceu assim, ao léu.


Brilhou para alguns...
Em outro país, outra cidade.
Não para mim.
Não senti o seu calor, nem seu esplendor.
Que penosa novidade:

O Sol, irradiou-se em outro lugar...
junto com a minha felicidade.



(Suzan Keila)

A minha poesia não transborda alegria.
Fala da dor de perder um amor
e evidencia melancolia.


Desilusão,
cansaço,
fadiga
e descrença...
Uma rixa antiga. (você e eu)


Sinto um pesar
que atormenta-me os dedos e nervos.

Quero escrever, falar, declamar...
A dor de ainda te amar e
não saber como cessar,
esse tormento sem fim
que firma-se em mim.

Um fardo pesado demais,
que tenho que carregar.
Talvez por toda a Terra,
talvez por todo o mar...

O triste penar de ainda te amar.



(Suzan Keila)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Letras tristes.
Palavras cabisbaixas.
Frases desanimadas.


Assim formam-se esses versos.
Desajeitados, sem rima.


Versos bêbados,
cambaleando e tropeçando
sem rumo.


Não falarei de dor,
mas o coração sangra
e se diz sofredor.


Serei então,
mais uma romântica exagerada
a fazer rimas sinuosas
nessa minha caminhada...



(Suzan Keila)

domingo, 30 de setembro de 2007

Bela noite
enluarada.

Desejo estar
apaixonada.

Só hoje.

Uma noite.

Aproveitar o luar
e desapaixonar...

(Suzan Keila)

sábado, 29 de setembro de 2007

é cedo

para morrer de amor
para desacreditar
para sofrer e sentir dor


é tarde

e a lua está deslumbrante
imensa e flutuante
num céu de diamantes


é hora

de ir embora
seguir meu rumo
estrada à fora



(Suzan Keila)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos
tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


(Mario Quintana)
Sorrir

Sutilmente
Simplesmente
Sabiamente

Sorrir

Excêntricamente
Inconseqüentemente
Absurdamente

Sorrir...só sorrir.

Sem se importar
com o tamanho do sorriso.

Por que ninguém se importa
com o tamanho da sua dor.


(Suzan Keila)
Era bom

era bom começar tudo de novo
vida nova com sol e fantasia
era bom meditar de roupa nova
sem esta escuridão ao meio dia

era bom não ficar nas coisas boas
era bom que depois fosse esquecendo
era bom que os relógios não parassem
era bom que quando fosse bom
fosse bom de uma vez ou nunca fosse


(Horácio Dídimo)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Sonhar

aquele grande sonho
de criança

que agora é um pequeno sonho
de gente grande


(Suzan Keila)
Dançar

A dança da vida.

Que, às vezes, é assustadora
de tão agitada.


Outras, é uma balada perfeita
de tão encantadora.


Ou...
É só a dança da vida.


No seu ritmo certo, (ou incerto)
com sua letra e melodia...


Melodia

carros
crianças
pessoas
passos
vozes
gritos
risos
vento
choro
pranto...


e o ser humano desajeitado
tentando acertar o passo...


(Suzan Keila)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Bem se vê

bem se vê que agora é muito tarde
é a hora em que o teu sorriso
não pode mais significar
é a hora cansada da derrota
das distâncias constantes
das solidões inapagadas

agora é ficar ficar
e terminar
não dizer nada a ninguém
que não há ninguém
que já virou ontem
o presente eterno que trouxeste

um dia tinha que ser
e veio um dia que foi


(Horário Dídimo)
Tão perto,
tão longe.

Tão íntimos,
tão estranhos.

Por um segundo
tive a sensação de tê-lo ao meu lado,
mas já não era a mesma coisa,
já não éramos os mesmos.

O encanto já havia acabado e
só nos restaram as mágoas.

Tão perto,
tão longe.

Tão íntimos,
tão estranhos.

Conversas, olhares,
já não são mais os mesmos.

Na despedida
a frieza,
a inquietude
e um singelo beijo no rosto,
quando já tivemos um ao outro,
na certeza de sermos um só...

um singelo beijo no rosto.


(Suzan Keila)
No acaso do nosso encontro
Uma confusão dentro de mim
que veio de mansinho
embalada com sorrisos e conversas
ah...essas conversas
impossível viver sem elas
impossível dormir sem elas

Tudo acontece devagarzinho
como uma leve brisa que toca o rosto
e você se pega sorrindo sem saber o porquê

Está acontecendo agora
sangue pulsando rápido nas minhas veias,
coração batendo acelerado para suprir o oxigênio que me falta.

O mar está agitado
frio na barriga,
arrepio na pele,
e sorrisos sem explicação

Velhas sensações conhecidas...
serão elas bem vindas?

Será paixão?

Que nos faz fantasiar...
um toque no seu silêncio,
um afago nas suas palavras,
e um anseio sem fim de
ver você,
ouvir você,
tocar você,
ou só te ver silenciar
quando o mundo todo está a desabar,
só te ver silenciar...


(Suzan Keila)
Um vício
Desejo incontrolável
Escrever
Letras e palavras
Organizar idéias
ou só colocá-las no papel
e deixar que elas criem a forma que quiserem
Sentir e fazer
e quando olhar
Sorrir
Sensação de leveza
que vem da alma...

(Suzan Keila)