quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Agarrou-se nas bitacas de seu véi e pôs-se a chorar.

Ele, cab'a macho do sertão,
segurou-a pela mão e não derribou uma lágrima:

-Minha véia, eu vou voltar. E se eu não voltar, iremos juntos.
Sempre estaremos juntos! Fizemos vida aqui nesse fim de mundo, criamos nossos fi, nossos boi, nosso plantio e daqui só hei de sair p'ra modi mais tarde voltar, p'ra onde meu bem querer há de morar!

Foi-se o véi p'ra cidade grande se tratar.

Ficou seu amor, num só lugar.

A notícia foi um choque só!
A correria era danada!


Eis que às nove da manhã morreu a veinha amada, no sertão onde fez vida, no dia de seu aniversário.

E o destino tinha sua carta na manga.

Ao meio dia morreu seu amado, o véim arretado.
Na cidade grande de seu mal 'grado, partiu daqui p'ra melhor, no dia de seu aniversário.

Seria dia de festa,
de matar um boi da muléstia,
mas foi uma tristeza só que atracou-se no sertão...

Foram-se os dois.

Como haviam prometido.

Foram de mãos dadas para além do bem vivido...


(Suzan Keila)

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